Respirei fundo, contei até dez, fiz uma oração. Gostaria
de ter ido à missa, me confessado... Mas resolvi conversar pessoalmente com
Deus. Disse a ele que estava confusa, e que dentro de mim havia um monstro
enorme. Contei a ele que estava assustada e tinha medo desse monstro me
dominar.
Resolvi contar que estava amargurada e sentia no peito
uma confusão de amor e dor, cheio e vazio, e pedi ajuda para consertar. Senti
tanto medo de falar em voz alta, que só falei dentro da mente, mas com o
coração.
Deus estendeu-me a mão, secou minhas lágrimas e me fez
pensar. Acalmou meu coração como uma mãe, foi duro e firme como um pai, foi um
ombro forte como um amigo. Segurei dentro de mim um soluço, prendi na minha
garganta um grito, forcei-me a entender os esquemas, me fiz parar.
E voltar a respirar fundo...
Tentei ser racional, mas o que fazer quando sua dor é tão
emocional que o racional se torne incerto. O que fazer quando sua culpa é tão
mais melodramática que suas palavras? Pra onde ir? Onde se esconder?
Contei até mil...
Adormeci com lágrimas nos olhos, pelo remorso e pelo
amor. Acordei me sentindo livre pra mais um dia, mais um mês, mais um ano...
Mais uma vida.
Proferi mais uma oração, nesta pedi ajuda para entender o
que se passa na cabeça do homem, pedi paciência para enxergar muito além-vida. Pedi
amor por mais três ou quatro. Implorei que fosse eterno.
E eu sei que é. Pra sempre minha. Pra sem sua. Pra sempre
nossa.
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